Texts
 

What is the purpose of an art whose exercise does not transform me?

PAUL VALÉRY

With the question proposed by Valery, Nair Kremer tells us everything. Her art dialogues with the other, with what can and should be extracted, with a submerged memory, with the elements that have always been there - invisible - and when stimulated they become afloat.

Nair brings art into life, what is inside each one, as a powerful puzzle in which each piece fits where it is lacking, emptiness, silence.

The artist transits in different worlds, discovers others, identifies the essential. She tells how art-education has a transforming power in people, in everyday life, in what can be revealed and constructed.

In her work about Clarice Lispector (1920-1977) - which arises viscerally from the first contact with the author's writing, when she was pregnant with her first child - Berta Waldman - a literature professor, researcher and teacher at the University of São Paulo Paulo (USP) - compares Nair´s creative process with Clarice's in a text about the show - “It is very similar", Nair confirms.

Her other work, an installation with archives and tables of sand, people interact from ludic, lyrical and sensory experiences. These "receptacles" are present in a series of installations that have been developed by the artist in the last 30 years, always in public places, with the idea of engaging with the artwork.

When opening and closing drawers in a file filled with images, words and objects, the public becomes a co-author of the work, as it exerts its freedom to manipulate, shift and recombine the elements by altering the possible readings. It is, therefore, a great game about memory, historical legacies and the meaning of memories.

Displaced from tenuous boundaries between art and art therapy, the sand tables are also a space in which the public concretizes something from the awakened memories. There is not a ready memory to be remembered, but rather a waiting memory to be shaped and built.

"I need all" is a phrase that resonates in Nair Kremer's story. Through this perspective, she spans the impact of art on life and makes its perception and involvement with the other a compass on her path - and takes us inward.

 

ABOUT THE ARTIST

Nair Kremer is a visual artist, art educator and art therapist. Graduated from the Avni Institute (Israel), Art Teacer Training College (Israel) and Psychotherapy in Art from the Open University Shaar Hanegev (Israel). She introduced art workshops at the Casa do Zezinho and Projeto Anchieta Institutions. She published the book Displacements: Experiences of Art-Education in the outskirts of São Paulo, in 2003. She was awarded the Great Gold Medal of the Bunkyo Hall and with a grant from the Vitae Foundation. Participated in collective and individual exhibitions, nationally and internationally.

Her works are part of the collections of the Museum of Art of the Americas (Washington, USA); MASP (SP); Pinacoteca of the State of São Paulo; Tefen-Israel Museum; Ein Harod Museum (Israel), New York University (USA), among others. She lives and works in Curitiba, Brazil.

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Marianna Camargo​

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Textos
 

Qual o propósito de uma arte cujo exercício não me transforma?

Paul Valéry

 

Preciso de Todos.

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Com a frase de Valéry (uma pergunta) e este título (ou afirmação da artista) Nair Kremer nos diz tudo. Sua arte induz o outro, com o que pode e deve ser extraído, como uma memória submersa, com os elementos que sempre estiveram ali – invisíveis-  e quando estimulados ficam à tona. Nair faz emergir a arte, o que está dentro de cada um, como um poderoso quebra-cabeças em que cada peça se encaixa onde está a falta, o vazio, o silêncio.

A artista transita em diversos mundos, descobre outros, identifica o essencial. Conta como a arte-educação possui um poder transformador nas pessoas, no cotidiano, no que pode ser revelado e construído.

A proposta que ela traz ao Museu Oscar Niemeyer contempla uma instalação com arquivos e mesas de areia, que aproxima o público a partir de experiências lúdicas, líricas e sensoriais. Esses “receptáculos” estão presentes em uma série de instalações que vem sendo desenvolvidos pela artista nos últimos 30 anos, sempre em lugares públicos, convidando as pessoas à interação.

Ao abrir e fechar gavetas dos arquivos com imagens, palavras e objetos o público torna-se coautor da obra à medida que exerce sua liberdade para manipular, deslocar e recombinar os elementos alterando as possíveis leituras. Trata-se, portanto, de um grande jogo sobre a memória, as heranças históricas e o sentido das lembranças. 

Deslocadas dos tênues limites entre a Arte e Arte-terapia as mesas de areia são também um espaço no qual o público concretiza algo a partir das lembranças despertadas. Não há uma memória pronta a ser recordada, mas ser, antes uma memória a espera de ganhar forma e de ser construída.

Por meio dessa perspectiva, Nair Kremer dimensiona o impacto da arte sobre a vida e faz da sua percepção e envolvimento com o outro bússola da sua trajetória - e nos leva para AUTO REFLEXÃO.

Sobre a artista

Nair Kremer é artista visual, arte educadora e arte terapeuta. Formada pelo instituto Avni (Israel), Art Teacer Training College (Israel) e Psicoterapia em Arte pela Open University Shaar Hanegev (Israel). Introduziu as oficinas de Arte nas instituições “Casa do Zezinho” e “Projeto Anchieta” (BR). Publicou o livro “Deslocamentos: Experiências de Arte-educação na periferia de São Paulo” em 2003. Foi premiada com Grande Medalha de Ouro do Salão Bunkyo e bolsa da Fundação Vitae. Participou de exposições coletivas e individuais, nacionais e internacionais. 

Seus trabalhos fazem parte dos acervos do Museu de Arte das Américas (Washington-DC-USA); MASP (SP-BR); Pinacoteca do Estado de São Paulo; Museu Tefen-Israel; Museu Ein Harod (Israel), Universidade de New York (EUA), entre outros. Atualmente vive e trabalha em Curitiba.

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Marianna Camargo